CERTEZAS POLÍTICAS

Na politica não é incomum vermos a história se repetir, seja no Brasil ou fora dele. No final é a certeza moral que rege as discussões políticas. Em nome dela, inúmeras batalhas são travadas e seguem sem propor mudanças realmente duradouras a população. São apenas pontos de vistas calcados em interesses próprios, de pessoas que creem que todos são os bandidos, enquanto eles são os “mocinhos”. 

Em primeiro lugar, eu lamento muito estarmos ancorados nessas discussões como se a sociedade estivesse fadada a escolher o seu lado e se contentar com tal alternativa. Opções descentralizadas, caminhos que focam no bem comum são esquecidos, enquanto a briga por interesses particulares continua. A política virou uma guerra de interesses, enquanto muitos problemas seguem sem solução e a corrupção vira rotina nos noticiários diários.

Em segundo lugar, a meu ver, tal guerra de certezas, já que ambos os lados acreditam estar de posse da infalível solução política, só demonstra o quanto o problema é muito maior do que imaginamos. Onde no final, se não aprendermos a dialogar e construir caminhos mais centralizados, seguiremos sem solução. Ben Shapiro acrescenta:

“Se tem uma atitude que caracterize a política moderna é a completa e absoluta certeza moral. Os que estão na esquerda política têm certeza de que aqueles que se opõe a eles são monstros nazistas, determinados a dominar vidas individuais; aqueles na direita política estão certos de que o oposto é verdadeiro” (2019, p. 73).

A minha única certeza é que a militância, no final, não tem ajudado e a ignorância é a pauta que tem dado o tom da discussão. Sem diálogo, continuaremos à deriva, sem boas soluções inclusive contra a corrupção e as regalias políticas, que são realizadas às custas do povo trabalhador, que tem sido endêmica em nosso setor político. 

Veja bem, por mais que seja possível classificarmos os dois modelos políticos em esquerda e direita, por conta de características específicas que ambos os pensamentos políticos possuem, a questão vai muito mais além do que tal classificação. Temos problemas que precisam ser resolvidos, seja a corrupção que corre solta dos dois lados ou o enorme gasto público com coisas que não são essenciais e por aí vai. Diante de tais fatos, eu não consigo de deixar de concluir que esta briga serve apenas para não permitir que a população foque nestas questões. Enquanto as pessoas brigam, eles fazem festas com o dinheiro do pagador de impostos.

Tenho uma certa desconfiança daqueles discursos que apontam os erros de todos, mas se colocam como os salvadores. Não há salvador aqui na terra e muito menos a certeza de que nossos atos sejam moralmente corretos e infalíveis. Ser cristão é justamente entender que somos falhos e incompletos e que é só a partir de Deus, que conseguiremos caminhar pelos trilhos da verdade.

A minha proposta não é levar você a abandonar a sua opinião política e sim, incentivar você a olhar para os dois lados. Aprenda a primeiramente, aceitar as críticas e contradições da sua vertente política, pare de defender o seu lado como se ele fosse infalível. Ignorar os erros e equívocos faz de você alguém desonesto, esta é a verdade, e para conseguirmos mudanças precisamos de honestidade.

Entenda também que muito mais do que esquerda e direita, o Brasil está mergulhado em corrupção e gastos excessivos, muitos políticos, se não a maioria, não servem o país e sim, se aproveitam, se apropriando de tudo o que é nosso. Quanto mais regalias e mais corrupção, mais pagaremos impostos e sustentaremos as pessoas que deveriam cuidar do nosso país, como eu já pontuei.

Existem na verdade dois lados, o lado dos políticos desonestos e o lado do povo, que não aguenta mais pagar impostos e viver na falta. Por isso que, se for para dividirmos a política em dois lados, que os lados sejam estes: O povo e os políticos.

Que possamos cultivar sabedoria na hora de dialogar sobre o assunto e não deixar de ver os pontos que realmente importam. A política existe para servir o povo e não ser servida, por isso, olhar para a política e refletir sobre o papel que ela está exercendo na sociedade deve ser a primeira atitude. É só assim que vamos conseguir dialogar de forma construtiva e propor mudanças relevantes em nossa sociedade.

BIBLIOGRAFIA

SHAPIRO, Ben. O lado certo da história: Como a razão e o propósito moral tornaram o Ocidente grande. Rio de Janeiro: Alta Books, 2019.

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