SANGUE INOCENTE

“Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos” (Referência: Mateus 2:13-16).

Como cristão, fico muito preocupado quando seres inocentes são alvos da ação irresponsável do ser humano. O pecado transforma este mundo, criado por Deus, em um caos, mas nós cristãos precisamos aprender a nos posicionar a favor de todos os seres que não podem se proteger. Sejam os animais, que sofrem com a gananciosa ação humana, ou mesmo as crianças, que não conseguem vir ao mundo por conta do aborto, que em alguns países é permitido, e no Brasil, a briga pela liberação ainda é grande.  

E sobre a iniquidade humana, o próprio Cristo, quando veio ao mundo, foi perseguido pelas mãos injustas de Herodes, mostrando como o ser humano não tem freios e muito menos limites quando ele quer alguma coisa. Esta passagem bíblica revela justamente o tamanho da insanidade humana e o quanto ele consegue fazer por sua ideologia.

O episódio narrado na passagem bíblica da epígrafe do texto (Mateus 2:13-16), diz respeito à matança de inocentes que só o evangelho de Mateus narra. Após Herodes ser avisado de que Jesus havia nascido, ele se perturbou (Mateus 2:3), assim como toda Jerusalém, o que o levou a perseguir Jesus e organizar a morte de inúmeros inocentes. Esta perseguição de Herodes obrigou a família de Jesus a fugir para o Egito, após o aviso de um anjo que apareceu a José por meio de um sonho (Mateus 2:13).

Herodes, que, naturalmente, assassinou tanto a sua esposa quanto os seus filhos, não teve dificuldade alguma em matar alguns meninos desconhecidos. E estas crianças não eram somente de Belém, mas também da região ao entorno, visto que ele queria estar certo de que Maria não ficasse ilesa. A quantidade de crianças mortas não foi alta, já que Belém é uma cidade pequena. Devido a tão pequeno número de crianças mortas, este incidente não foi narrado por Flávio Josefo e muito menos pelos outros historiadores da época (CHAMPLIN, 2014, p. 278).

Tenho um grande receio quanto aos militantes, a política é uma benção, mas consegue também produzir muito caos e descontruir as bases da sociedade. Quando a liberdade humana perde limites, seguimos rumo à barbárie, como foi visto em muitos países totalitários. Aleksandr Soljenítsyn em sua obra Arquipélago Gulag, narra um pouco desta falta de limites, de uma política que brigou por liberdade, mas quando conseguiu, não demorou em instaurar o caos. Ele diz que:

“Depois de Herodes, só mesmo a Doutrina Progressista para explicar como exterminar até bebês” (2019, p. 605).

Sou contra o aborto justamente porque vidas inocentes não podem ser punidas pelas ações irresponsáveis de casais que não se cuidam. Existem muitos métodos contraceptivos, por isso que uma vida humana não pode perecer em nome de um capricho. Sei que existem exceções, contudo, estou me referindo à norma. O aborto ceifa uma vida inocente e indefesa. Aprovar o aborto é comunicar que vida alguma tem valor.

Sem contar que o aborto, em um país onde existe uma grande fila para a adoção, é uma injustiça. Ter a liberdade de assassinar uma vida inocente é uma ação desumana. É comum, militantes afirmarem que a mulher deve poder mandar em seu corpo, porém, a vida de um feto está além do seu corpo.

Cristo foi perseguido em seu tempo, e a fuga para o Egito só colaborou para o cumprimento de uma profecia (Mateus 2:15), visto que Deus sabe de tudo. E em nossos dias, não podemos aceitar que existam leis que permitam que vidas inocentes sejam ceifadas devido a ideologias militantes. Antes, é preferível que órgãos de adoção tenham a possibilidade de encaminhar estas crianças para um lar responsável.

Em um mundo onde o sexo está cada vez mais banalizado, permitir que inocentes pereçam em nome do capricho de alguns é um erro. Ou protegemos todas as vidas inocentes, ou permitiremos à injustiça do ser humano definir o que é uma vida inocente, segundo seu ponto de vista. E permitir isso seria um grande erro.

Bibliografia

SOLJENÍTSYN, Aleksandr. Arquipélago Gulag: Um experimento de investigação artística 1918 – 1956. São Paulo: Carambaia, 2019.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo: Volume 1. São Paulo: Hagnos, 2014.

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